TOMBAMENTO

TOMBAMENTO DA IGREJA SANTÍSSIMA VIRGEM COMO PATRIMÔNIO CULTURAL

A nossa Igreja Santíssima Virgem, carinhosamente chamada por diversos nomes (igrejinha azul, igreja da frente, Santíssima, a igreja da Lucas etc.), teve seu tombamento decretado pelo COMPAHC-SBC - Conselho do Patrimônio Histórico e Cultural do município de São Bernardo do Campo, onde se localiza, em 11 de outubro de 2023, enquadrando nossa igreja como Patrimônio Cultural, devido à sua importância.

 

O tombamento é um ato do poder público (municipal, estadual ou federal) com o intuito de preservar bens considerados de valor, arquitetônico, cultural, histórico, ambiental e até mesmo de valor afetivo, a fim de não serem destruídos ou reformados de modo que percam suas características.


Partindo deste pressuposto, o primeiro pensamento que nos vem à mente é que o tombamento é gratificante; porém, nós paroquianos devemos ficar atentos, pois a partir de agora, não se falará mais em reparo, reforma ou construção, mas sim em RESTAURAÇÃO, e tal restauração somente poderá ser realizada após autorização dos órgãos competentes.

 

A arquitetura externa da Igreja Santíssima Virgem apresenta, no topo, uma imponente imagem de Nossa Senhora e a estrutura branca da igreja e os vitrais em diversos tons de azul, remete ao seu manto. Internamente, devido ao seu tamanho, acomoda cerca de 250 pessoas sentadas; apresenta um mezanino cujo acesso se faz por meio de uma estreita escada em caracol e um belo lustre com dezenas de lâmpadas. 

Mas o que impressiona é o presbitério, cujo altar retangular em mármore tem como base a Sagrada Família de Nazaré e o alto pé direito ao fundo que sustenta representações da Santíssima Trindade, com destaque para o Cristo Crucificado que, suspenso, parece descer da cruz para nos abraçar e acolher; logo abaixo, uma belíssima imagem de nossa padroeira, findando com um recuo onde se encontra o sacrário ladeado à esquerda por uma imagem de São Francisco de Assis e à direita, por uma imagem de Santo Antônio de Pádua.

 

Porém, toda esta beleza deve-se às contribuições de paroquianos e às diversas campanhas para reformas ao longo de muitos anos. Destaca-se que, apesar das reformas citadas, e não se sabe o porquê, em períodos de chuva, as infiltrações ressurgem causando transtornos como goteiras, poças d’água, manchas de umidade nas paredes, descascamento e formação de bolhas na pintura, interdição de bancos e espaços; problemas nas instalações elétricas e hidráulicas, entre outros.

Os custos de um reparo, reforma ou construção são altos e, como dito, suportados pelos paroquianos. E, agora, estamos falando em restauração, o que aumenta substancialmente os custos. Seria interessante que a lei que decreta o tombamento também decretasse que a pessoa (ou munícipe), instituição ou órgão que fez o pedido também apresentasse subsídios e formas de levantar fundos para a manutenção do bem. Isso ajudaria muito.

 

Vale lembrar que os altos custos para a restauração de um bem podem levar a casos como o Casarão da Rua Arthur Prado, nº 376, em São Paulo, capital. Tal imóvel, um palacete, ficou conhecido como ‘Casarão das Muletas’ devido às inúmeras estacas que o sustentaram nos últimos tempos, foi construído em 1913. 

Desabitado desde a década de 1980, o tombamento pelo patrimônio histórico ocorreu em 2002. Porém, a falta de manutenção e abandono acarretou dano irreversível ao imóvel, não restando à municipalidade reverter o processo de tombamento, em janeiro deste ano, e demolir o casarão.

 

Além dos altos custos de manutenção (restauração), o que mais impactou nesta situação? Abandono dos proprietários? Descaso dos órgãos competentes? Desinteresse da população em manter um patrimônio cultural? Não se sabe...

É claro que não queremos que a nossa igreja chegue a este ponto. Jamais! 

Apesar de a igreja enquadrar-se na arquitetura modernista dos anos 1960-1970, época de sua construção, em que os olhares estavam postos no futuro, em meio ao crescimento político, econômico e cultural da cidade de São Bernardo do Campo, as dimensões da Igreja Santíssima Virgem não acompanharam a mesma visão.

 

Atualmente, apenas as celebrações eucarísticas semanais, por não terem um grande fluxo de participantes e celebrações matrimoniais com um número limite de convidados lá são realizadas (e fica aqui, mais uma vez, a observação da chuva!). Já as celebrações eucarísticas dominicais e outras celebrações como 1ª Eucaristia, Crisma, etc., acontecem na Comunidade Cristo Rei, salão paroquial que acomoda um número maior de pessoas.

A construção da Igreja Santíssima Virgem iniciou-se em 1968, mas somente em oito de dezembro de 1977 ocorreu a inauguração solene, dia este dedicado à Imaculada Conceição de Maria. Deste então, como já mencionado, várias reformas, inclusive algumas emergenciais e com alto valor, ocorreram com o intuito de minimizar ou sanar de vez os efeitos das chuvas.

 

Imaginem um período de chuva na qual as instalações elétricas são gravemente atingidas; ou os cabos elétricos são roubados. Incidentes que, infortunadamente, já aconteceram em nossa paróquia. Os conselhos paroquiais envolvidos se mobilizaram e resolveram os problemas em pouquíssimos dias. Porém, sabemos que a morosidade e a burocracia no serviço público grassam em nossa sociedade. 

Com o tombamento, quanto tempo demoraria a liberação para o restauro, visto que as considerações para se aprovar ou não a liberação da restauração compreenderá o estado da estrutura, revestimento e piso; da pintura, os danos causados em peças de madeira, ferragens e obras artísticas, entre outros pontos.

 

Ainda no exemplo, a Igreja terá que ficar interditada por um longo período, alterando toda a dinâmica da Paróquia, uma vez que a Adoração ao Santíssimo Sacramento, que ocorre de segunda a sexta-feira, das 6h às 19h30, ininterruptamente, teria que ser suspensa ou transferida para outra dependência; as celebrações das 12h e 19h seriam transferidas para a Comunidade Cristo Rei e as celebrações matrimoniais seriam suspensas. 


Um verdadeiro tormento. Somem-se a isso os altos valores de uma restauração. Caminharemos, desta forma, para a mesma situação do Casarão das Muletas?

Que fique claro que o objetivo deste texto não é esgotar o tema, visto ser amplo e com muitas vertentes, mas sim lançar luz sobre pontos aos quais a maioria de nós, paroquianos, não temos acesso.

No caso em questão, chega até nós as benesses do tombamento, a proteção garantida pelos órgãos públicos ao bem tombado etc. Para aqueles paroquianos que somente vão à celebração eucarística no domingo, a fim de cumprir uma obrigação da semana, esta discussão não terá a menor importância.


Mas para os paroquianos que amam a Igreja Santíssima Virgem, que cresceram na fé e vivenciaram muitos momentos de acolhimento, paz, conforto e esperança aos pés de Maria Santíssima, mas que não conhecem os trâmites jurídicos e dos órgãos públicos; ou não sabem das consequências que um ato jurídico como o Tombamento traz a cada um de nós, esta discussão tem uma diferença primordial.

 

Aqueles, pedimos que se envolvam, conheçam, pesquisem. A estes, além de tudo, pedimos que intensifiquem as suas orações para que tudo o que acontecer seja para o bem e graça de nossa Paróquia.

 

Que Maria Imaculada, a Santíssima Virgem, ilumine os nossos caminhos sempre, para que nesta caminhada sempre possamos encontrar seu Filho Cristo Jesus!

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